Page 10 - IPSOFACTO N8 , Novembro 2020
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CAPA
“Acredito que o mais importante é a mudança de cultura no ambiente de forma global. A LGPD atinge as empresas em todas as suas áreas; não pode
ser respeitada apenas pelo Jurídico.
É necessário que RH, Marketing, TI, todos os setores estejam alinhados e compreendam seu papel na proteção dos dados e no respeito à lei
Juliana Joppert Lopes
exigindo planejamento e prática, com adoção de novos procedimentos”.
A concepção do tratamento dos dados deve envolver a alta administração das organizações para legitimar o projeto frente aos funcionários, uma conscientização top-down. A cultura corpo- rativa influencia diretamente na eficácia de um programa de adequação às novas exigências legais e se deve estruturar uma política compatível com cada realidade.
“Acredito que o mais importante é a mudança de cultura no ambiente de forma global. A LGPD atinge as empresas em todas as suas áreas; não pode ser respeitada apenas pelo Jurídico. É necessário que RH, Marketing, TI, todos os setores estejam alinha- dos e compreendam seu papel na proteção dos da- dos e no respeito à lei”, diz Juliana Joppert.
TREINAMENTO PARA VENCER RESISTÊNCIAS
O sócio Ivan Hasse, do GSGA de Curitiba, explica que o maior problema em qualquer sistema são os usuários, sendo necessário, além de conscientizar, treinar os colaboradores para que sigam as deter- minações legais. “A segurança é inversamente pro- porcional ao conforto. A aplicação vai causar des- conforto e pode gerar reclamações e resistências; é natural do ser humano resistir às mudanças. Um dado recebido por e-mail, por exemplo, era impres- so e ficava em cima da mesa; agora será preciso ve- rificar a informação no sistema, consultar e registrar toda alteração”, exemplifica o sócio. “Se o usuário não estiver consciente, quando não puder receber algum material no e-mail corporativo porque a po- lítica da empresa impede, pedirá envio pelo e-mail pessoal. É preciso muito treinamento para que to- dos tenham noção de que o cuidado é necessário para a organização”.
Os treinamentos devem apresentar o que não será mais permitido e como passam a ser os proce- dimentos, fazendo o usuário se engajar no projeto. O desafio é vencer as barreiras para que os colaborado- res se atentem às novas possibilidades de executar as ações cotidianas, até que façam parte da rotina.
CARÁTER EMERGENCIAL
Apesar dos 24 meses entre a promulgação da lei e o início de sua vigência, grande parte das socieda- des não começou a se adaptar. A entrada em vigor em setembro trouxe urgência para adequação, pois as organizações já estão sujeitas à responsabilização pelo descumprimento de suas obrigações. Os pro- gramas de compliance devem ser estruturados com base na legislação vigente.
“Quem ainda não deu início à adaptação, não poderá utilizar a mesma metodologia que usaria se tivesse começado a adequação há dois anos. Deverá olhar para a estrutura de maneira crítica, ver onde estão os gargalos e quais setores recolhem informa- ções que não são necessárias porque nesses pontos podem acontecer os piores problemas”, alerta Va-
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