Page 9 - Revista IpsoFacto 11
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Nossa grande meta para este ano é ampliar a base de contribuição e
tentar sensibilizar cada vez mais pessoas para a cultura de doação, para que o hábito de ajudar, de selecionar parte do orçamento e destinar para uma causa em que acredita faça parte da vida delas
“O terceiro setor tem um papel muito importan- te em todas essas áreas, até porque o Estado nem sempre tem condições de atender as necessidades de meio ambiente, desigualdade social, cuidados com a infância em toda sua amplitude, seja edu- cação, saúde e tudo que a criança precisa para um bom desenvolvimento”, avalia o sócio. “O que pre- cisamos cobrar do poder público, inclusive através das entidades, são as políticas públicas, porque nem sempre a ação individual é suficiente. No caso da reciclagem de lixo, por exemplo, não adianta as pes- soas fazerem a devida separação se não tiver coleta e também uma destinação adequada”.
Por isso, o Gaia Social também pretende atuar em advocacy, abraçando causas que impliquem em iniciativas junto ao setor público para defender políti- cas públicas adequadas. “O meio ambiente é bastan- te dependente desse tipo de atuação, como vemos em várias situações: a preservação dos mananciais é fundamental, mas envolve urbanização. Sem uma atuação em políticas públicas é difícil avançar”.
A melhor forma de escolher uma causa ou enti- dade para apoiar é conhecer sua origem, entender suas diretrizes e compactuar com seu propósito. A seguir, um pouco da história e missão de três insti- tuições parceiras do GSGA em cada um dos segmen- tos escolhidos pelo Gaia Social.
Desigualdade social
ANJOS DA CIDADE
“Eu iniciei esse trabalho de olhar para o próximo que está em condição de rua ainda muito menina, quando eu tinha tudo e não conseguia compreen- der porque existiam pessoas que estavam naquela condição”. Assim, Andrea Pludwinski define a inspi- ração que a levou a fundar o Anjos da Cidade, que há mais de 30 anos ajuda pessoas a saírem das ruas.
Ela conta que busca entender o que levou a pessoa àquela situação. “O trabalho cresceu bas- tante nos últimos oito anos. Nós levamos comida, água, cobertor, doces, frutas. Levamos também o ouvido, que é o mais importante”.
Hoje há mais de 100 voluntários que atuam
Fernando Gaia
toda terça-feira nas ruas de São Paulo, às quartas- -feiras em Brasília e aos sábados em Taubaté. Nesta cidade do interior paulista há uma casa de moradia assistida. Com as pessoas que não estão envolvidas com álcool ou drogas, a entidade ajuda a voltar para a família ou encontrar uma moradia. Com a crise econômica e social provocada pela pandemia, avalia Andrea, aumentou a quantidade de pessoas nessa situação. “Estamos com uma família inteira na rua, que não tem drogadição nem alcoolismo. Eles perderam tudo. Estamos alugando um barraco para morarem e comprando uma carroça para tra- balharem com reciclagem”.
Quando há envolvimento com drogas ou álcool, a pessoa é internada em uma clínica de recupera- ção por seis meses. “A grande maioria passa pela internação e depois vai para a nossa moradia assis- tida em Taubaté, morando no local até que a gente arrume emprego”.
As clínicas particulares oferecem vagas sociais aceitando pagamento em alimentos no lugar de di- nheiro. Para cada assistido o Anjos da Cidade preci- sa entregar 150 quilos de alimentos por mês. “Hoje temos 25 internos e precisamos arrumar três mil quilos de alimentos. Apesar do trabalho que desen- volvemos, somos pequenos, não temos parcerias mensais nem apoio governamental. Contamos com voluntários e tudo é conquistado dia após dia; tem um time de voluntários que busca os três mil quilos de alimentos por mês. Quando recebemos apoio como do GSGA, que coloca nossa ONG para ser as- sistida, ninguém imagina o que essa parceria signi- fica para nós. É um alívio, um ombro que ampara”, revela a fundadora.
O trabalho é recompensado com os resultados. Andrea vibra quando lembra das pessoas que saíram das ruas e hoje têm uma vida melhor, trabalham, ca- sam, não usam mais drogas. Também conta anima- da a conquista de um sonho que está se realizando: um ônibus de dois andares que circula pelas ruas, com quatro chuveiros com banheiro, duas salas de atendimento psicológico e de assistência social, ca- beleireiro, oferece jantar e loja onde podem esco- lher roupas. “O ônibus encosta em um local e damos uma média de 100 banhos por noite, às terças em São Paulo e sábado em Taubaté. Buscamos parcerias de empresas para rodar todos os dias”, diz. “Damos todo suporte possível, criamos amor, viramos uma família das pessoas que conhecemos na rua”.
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