Page 33 - IpsoFacto 10 - Novembro 2021
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  FORTALECER O ECOSSISTEMA PROMOTOR DA CULTURA DE DOAÇÃO
EDUCAR PARA A CULTURA DE DOAÇÃO
DIRETRIZES 2020-2025
PROMOVER NARRATIVAS ENGAJADORAS
FORTALECER AS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL
CRIAR UM AMBIENTE FAVORÁVEL À DOAÇÃO
A cultura de doação precisa de
estratégias para se consolidar e fazer sentido para a sociedade
● Criar um ambiente favorável à doação: doar precisa ser fácil, rápido – com ajuda da tecnologia – e sem entraves legais.
● Fortalecer as organizações da sociedade civil: doadores querem doar para os bene- ficiários: populações vulneráveis, crianças, idosos, meio ambiente... Para fazer os recur- sos chegarem aos beneficiários, existe o tra- balho das organizações da sociedade civil e elas precisam ser reconhecidas, valorizadas e apoiadas para operarem cada vez melhor. ● Fortalecer o ecossistema promotor da cultura de doação: quanto mais gente tra- balhando pela causa da cultura de doação, melhor. Quanto mais organizações, mais di- verso será esse ecossistema, mais estrutu- rado, mais rico e chegará mais longe.
Essas diretrizes se desdobram em recomen- dações de iniciativas que podem ser adotadas por qualquer um que se interesse pelo movimento e pela cultura de doação. E é com atitudes organiza- das e estratégicas como essas que poderemos nos aproximar cada vez mais de países que têm essa cultura sedimentada e uma sociedade civil organi- zada, que amplia o espaço de doação, que não é e nem deve ser unicamente público.
A CULTURA DE DOAÇÃO MUNDIAL E O RANKING GLOBAL DE SOLIDARIEDADE
Uma das formas para entender como está a cultura de doação no mundo é consultar o Ranking Global de Solidariedade, iniciativa da organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), represen- tada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvol- vimento do Investimento Social.
Ante o período atípico que vivemos nos últimos tempos, a pesquisa de 2021 destaca o impacto do lockdown em países que costumavam estar em po-
sição de liderança no ranking: Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Irlanda e Países Baixos caíram sig- nificativamente em suas pontuações. Já Austrália e Nova Zelândia, locais em que a pesquisa foi realizada pouco antes do início da primeira onda de Covid-19, mantiveram-se entre as 10 primeiras colocações.
O Brasil ficou em 540o lugar no ranking, subin- do 14 posições em relação aos dados de 2018 e 20 posições em relação à média nos últimos 10 anos.
Alguns países fizeram sua primeira aparição entre os 10 primeiros, incluindo Nigéria, Gana, Uganda e Kosovo – com ascensão no índice impul- sionada pelo declínio de outros países. Já o Japão ocupou o último lugar do WGI, como o país menos generoso do mundo.
Uma das questões positivas na alteração da cultura de doação com a pandemia é que mais da metade (55%) dos adultos do mundo – ou 3 bi- lhões de pessoas – relataram ajudar alguém que não conheciam em 2020. Em uma visão global, mais pessoas doaram dinheiro em 2020 do que nos últimos cinco anos (31%).
Precisamos, portanto, interiorizar em nossa for- ma de fazer o bem os benefícios da cultura de doa- ção, não só como um regador que traz água na seca, mas também como um sistema de irrigação articula- do para resolver problemas que podem ser solucio- nados com a atuação ordenada da sociedade.
A CULTURA DE DOAÇÃO NO BRASIL DE HOJE
A última Pesquisa Doação Brasil, coordenada pelo IDIS e realizada pelo IPSOS, tendo como refe- rência o ano de 2020 e como comparação pesqui- sa similar de 2015, revelou que apesar do impacto negativo da pandemia e da correspondente queda no nível de doações, o brasileiro valoriza cada vez mais o ato de doação:
“Mais de 80% da sociedade acredita que o ato de doar faz diferença e, entre os não doadores,
“
Camila Andreoli
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