Page 33 - IPSOFACTO edição 9 - Maio 2021
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Oano de 2020 nos obrigou a lidar com Os números são impressionantes e trazem um
a frustração. Havíamos projetado reu- niões, encontros, viagens e negócios que precisaram ser adiados. Chegou então 2021 como um prenúncio es-
perançoso de que recuperaríamos os espaços cole- tivos, teríamos reuniões presenciais e voltaríamos a olhar diretamente uns nos olhos dos outros, sem a barreira de uma tela. Infelizmente essa expectativa também se transformou em frustração e a pergunta que fica é: como lidar com a sensação de impotên- cia diante da realidade?
Para buscar respostas, precisamos entender melhor o que é esse estado emocional. “Frustração é igual a expectativa maior do que o resultado ou realidade final”, explica o neurocirurgião Fernando Gomes, usando a equação:
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FRUSTRAÇÃO EM NÚMEROS
Frustrações nunca faltarão, especialmente nos negócios e no exercício da profissão, tanto que, se- gundo pesquisa realizada em 2015 pela Internatio- nal Stress Management Association (Isma - Brasil), 72% das pessoas sentiam-se frustradas no trabalho, o que geralmente se devia à falta de reconhecimen- to (89%), excesso de tarefas (78%) ou problemas de relacionamento (63%).
Quebraram-se as expectativas construídas
nas bases seguras de um formato de relacionamento conhecido e, com isso, um período de incertezas atingiu as pessoas. Sem tempo hábil para uma transição paulatina de hábitos, foi preciso reconstruir expectativas e reinventar relacionamentos, desta vez com bases totalmente desconhecidas
12 Sandrya ValmaFnaw d
1 https://covid19.ibge.gov.br/pnad-covid/trabalho.php
2 https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntu-
ra/210413_cc51_nota_mercado_de_trabalho.pdf
“
importante questionamento: se mais de metade das pessoas estavam com suas expectativas profis- sionais frustradas naquele momento, o que dizer da atualidade afetada pelo estresse da pandemia?
Em razão da Covid-19, em março de 2020 houve uma mudança geral na forma de trabalhar e de nos comunicarmos. O modelo de trabalho tradicional so- freu uma repentina alteração para o chamado “home office de guerra”, trazendo desafios e frustrações para muitos envolvidos na relação profissional.
Quebraram-se as expectativas construídas nas bases seguras de um formato de relacionamento conhecido e, com isso, um período de incertezas atingiu as pessoas. Sem tempo hábil para uma tran- sição paulatina de hábitos, foi preciso reconstruir expectativas e reinventar relacionamentos, desta vez com bases totalmente desconhecidas.
Exemplo dessa nova circunstância pode ser
constatado em pesquisa do Instituto Brasileiro de
1
Geografia e Estatística (IBGE) , demonstrando que
até setembro de 2020, 7,9 milhões de pessoas no Brasil tinham passado a trabalhar remotamente e 2,7 milhões foram afastadas em razão do distan- ciamento social. A perspectiva do mercado para o segundo semestre deste ano, segundo a Carta de Conjuntura número 51 do Instituto de Pesquisa Eco- nômica Aplicada (IPEA)2, mostra um cenário dete- riorado, com quase 6 milhões de pessoas em idade de trabalhar fora da força de trabalho por motivos associados ao desalento.
Embora a reação de cada um diante desses fa-
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