Page 6 - IPSOFACTO edição 9 - Maio 2021
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ENTREVISTA
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é muito importante porque traz não apenas a experiência profissional, mas também da vivência que nós temos, o que para nossa profissão é quase insubstituível. Há experiências que só a estrada nos dá
com a Organização. Se eu puder consi- derar que estou deixando um legado – e não apenas meu, mas de todos nós – esse legado é a atuação em equipe. O cliente sabe que quando nos procura sempre tem um profissional competente e com muita técnica à disposição dele.
IPSOFACTO – Que outro legado espera deixar para o Escritório?
FERNANDO GAIA – Estamos entrando na quarta década de operação do GSGA. Com- pletamos 30 anos em 2020 e as circunstân- cias fizeram com que fosse um ano com complexidades, que continuam em 2021. Nessa situação desafiante ficou ainda mais evidente a solidariedade de todos, a nossa resiliência e a proximidade da equipe. Muitas vezes o ser humano não perce- be como é resiliente, forte, adaptável e consegue enfrentar situações que, num primeiro momento, acredita que não con- seguirá. Se podemos falar em legado que os sócios mais velhos deixam é ter a Or- ganização absolutamente consolidada, re- tratada na resistência nesse período difícil. Vivenciamos empatia e muita união na pandemia, estando ainda mais próximos do que habitualmente, quando já havia bastante proximidade. Há um ano eu não encontro pessoalmente meus colegas do CODIR nem os sócios, e mesmo assim nun- ca estivemos tão unidos para tomar impor- tantes decisões. Estamos conseguindo se- guir, apesar do momento, e acho que esse é um legado que não tem preço.
IPSOFACTO – Você é um dos fundadores de um dos maiores escritórios de advoca- cia do país. Que legado deixa ao mercado jurídico?
FERNANDO GAIA – Eu me sinto abso- lutamente realizado porque fui além da conta do que esperava realizar quando me formei na faculdade. Havia um colega, que estudou comigo, um advogado muito culto, inteligente, que tinha um escritório com mais dois ou três advogados e alguns estagiários, e eu achava que esse formato seria ótimo para mim.
Jamais imaginaria, há 30 anos, chegar aonde chegamos em dimensão da Organi- zação. As coisas foram acontecendo e nós planejamos um crescimento que se con- cretizou, tomando uma proporção maior. Hoje, creio, deixo um legado pessoal e profissional em que consegui formar um Escritório estruturado, de equipe, de pro- fissionais lutadores, competentes e éticos.
IPSOFACTO – O que espera que norteie os passos dos que lhe sucedem? FERNANDO GAIA – Temos princípios bastante consolidados que formam uma Constituição não escrita, com valores que estão em nós, como ética e a importância da qualidade moral de todos do Escritório. Existe um termo que é difícil definir e que representa bem esse ponto: boa índole. Quando convivemos com pessoas de boa índole, sabemos que independentemente dos erros, dos tropeções, são pessoas com bons valores e com quem podemos contar. É isso que temos no GSGA.
Você pode ter o melhor código de ética, bem redigido, comitês de ética, governan- ça corporativa e outras ferramentas, mas se não tiver pessoas de boa índole na equi- pe, de nada irá adiantar. Sempre dizemos que falar é fácil e por isso buscamos trans- formar em ações tudo que falamos. Criamos nesse ano o Comitê de Desen- volvimento Humano que irá cuidar não apenas de recursos humanos, mas de toda nossa política na área, para continuar transformando nossos pensamentos em ações em relação à diversidade, inclusão, responsabilidade social, carreira, todos esses temas que estão na ordem do dia. Temos essa preocupação de sermos con- sequentes e, dentro das nossas limitações, realizar aquilo que preconizamos.
IPSOFACTO – Por que o Escritório tem temas como diversidade e inclusão como preocupação dentro da sua política? FERNANDO GAIA – Esses temas ganham dimensão cada vez maior nas empresas e é importante que assim seja. Quando eu me formei, em 1979, a minha turma da São Francisco já era meio a meio entre alunos homens e mulheres – e ainda hoje, mais de quatro décadas depois, as mulhe- res chegam aos escritórios de advocacia, mas ainda não ocupam proporcionalmen- te o mesmo espaço em lideranças. É es- sencial abrir oportunidades iguais.
Temos um contingente feminino maior do que masculino, as mulheres vêm ganhando espaço também na nossa hierarquia e pro- curamos cada vez mais essa igualdade. Acre- dito que logo esse número será mais paritá- rio, inclusive nas posições de sociedade. Além das questões relativas à desigualda- de de gênero, estamos atentos a outros aspectos que serão tratados pelo Comitê de Desenvolvimento Humano, como desi- gualdades de raça e orientação sexual. O Escritório jamais discriminou nem irá dis-
O Conselho Consultivo
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