Page 29 - IpsoFacto 10 - Novembro 2021
P. 29

“
Outra frente adotada por muitas empresas para dar um passo adiante é
investir diretamente em startups, tornando-se sócias e absorvendo diretamente sua cultura e base tecnológica
O efeito cascata em diversos segmentos, tal como no e-commerce, traz também um crescimen- to necessário em outros setores, como logística e pagamentos, demandando um alinhamento de van- guarda na aplicação de novas tecnologias, hoje tão impactadas pelos modelos disruptivos de startups.
Há também um forte movimento de empresas da economia tradicional que desejam fazer negócios de startups como parte de seu programa de inova- ção aberta (open innovation), modernizando produ- tos e processos de maneira mais eficaz e veloz.
Existem várias estratégias adotadas pelas empre- sas para fomentar seus programas de inovação aberta. As iniciativas geralmente têm origem na simples contratação de startups como prestadores de ser- viços e/ou fornecedores de produtos. Outra frente adotada por muitas empresas para dar um passo adiante é investir diretamente em startups, tornan- do-se sócias e absorvendo diretamente sua cultura e base tecnológica, sem falar na aquisição de talen- tos já treinados e altamente capacitados (um movi-
mento comumente chamado de acqui hiring). Iniciativas como esta são fomentadas pelo le- gislador, que a partir do Marco Legal das Startups
permitiu que empresas antes obrigadas a investir es- tritamente em P&D possam substituir tais esforços pela capitalização de Fundos de Investimento (FIP’s) que investem, por sua vez, em startups.
O aquecimento desse mercado fomenta o surgimento de múltiplas relações jurídicas novas, de difícil compreensão, envolvendo os empreendedores (startups), investidores e empresas da economia tradicional, o que demanda um suporte sofisticado e apto a entender e projetar as melhores estruturas de negócios possíveis.
Do ponto de vista da advocacia, este mercado acrescenta novas oportunidades para os profissio- nais e para os escritórios. Atuamos no Gaia Silva Ga- ede Advogados assessorando clientes, startups, in- vestidores pessoas físicas/institucionais e empresas da economia tradicional contratando com startups. Para trabalhar nessa área, o advogado deve enten- der a dinâmica do negócio, o jargão peculiar dos segmentos de inovação, além de adotar um mindset diferente, facilitador e solucionador de problemas, compreendendo não apenas as regras jurídicas e regulatórias aplicáveis, como também a técnica por trás destas tecnologias.
  Existem, atualmente, 19 empresas “unicórnio” brasileiras (empresas avaliadas em US$ 1 bilhão).
Além do maior
volume financeiro, mais startups estão recebendo cheques maiores. 226 negócios receberam um cheque médio de R$ 130,7 milhões.
Fonte: Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity (ABCVAP) e KPMG.
As razões deste crescimento se devem, basicamente, a uma aceleração do processo de digitalização dos negócios.
 42%
dos brasileiros têm uma conta em banco digital.
13 milhões
de novos consumidores o e-commerce brasileiro conquistou em 2020. Um crescimento de 20% em relação a 2019.
4,5%
participação do PIB das empresas de tecnologia.
 Em 2016, apenas 82 empresas estabeleceram relacionamento de open innovation com startups. Hoje são 1.635 empresas.
Fonte: 100 Open Startups
JORGE LUIZ DE BRITO JÚNIOR: senior manager da área de Contencioso Tri- butário no Escritório de São Paulo.
LEONARDO CLARK RIBEIRO: sócio da Unidade do Rio de Janeiro, especia- lizado em tecnologias e novos negócios.
  29









































































   27   28   29   30   31